segunda-feira, 23 de março de 2009

Gestão estratégica integrando gestão por competências

Foram escritos vários artigos neste blog desenvolvendo alguns conceitos para que se possa aplicar uma gestão por competências, ou seja, a melhor forma de se captar, reter e desenvolver as competências necessárias para o presente e futuro de cada organização. No entanto, não basta ter e desenvolver as melhores competências existentes no mercado, temos que dispor das mesmas da forma mais eficaz, ou seja, gerir as competências de forma estratégica.

A gestão estratégica tem origens milenares e possui as suas raízes nos vários confrontos militares que marcaram a história da humanidade. São célebres os pensamentos estratégicos de Sun Tzu, Alexandre Magno, César Augusto e até mesmo a história de Portugal é marcada por estratégias célebres como por exemplo, a estratégia do quadrado aplicada em Aljustrel por D. Nuno Alvares Pereira que permitiu a celebre vitória de Portugal sobre Espanha em 1385. As necessidades de implementação de uma estratégia surgem à medida que a complexidade das decisões foi aumentando, maior nível de informação, estruturas internas e externas mais complexas e o consequente aumento da complexidade da própria integração destas ultimas duas realidades. Obviamente que as empresas desde o seu surgimento até aos dias de hoje também passaram por este aumento de complexidade e surgiu a necessidade de se aplicar uma gestão estratégica.

A gestão estratégica ao integrar nas suas directrizes a gestão por competências, significa que se está a decidir, planear a configuração de todos os conhecimentos, habilidades e atitudes que serão necessárias ao sucesso da empresa, tendo sempre em consideração para onde se pretende ir, que objectivo está traçado e a complexidade dos meios do qual a empresa está dependente, o meio externo e interno. Somente com uma visão global de todo o processo se consegue maximizar os resultados pretendidos. Este tipo de gestão tem em vista as competências ou qualquer outro detalhe, como por exemplo, a área financeira, nunca deve ter um planeamento superior a dois ou três anos, à medida que aumenta o espaço temporal do planeamento, aumenta também o grau de ineficácia do planeamento.

A gestão estratégica possui três níveis de regulação organizacional, nível estratégico, táctico e operatório. A nível estratégico é feita a visão e planeamento global de de todas as variáveis que resultam nas oportunidades e ameaças que possam afectar os objectivos da empresa. No nível táctico realiza-se a coordenação das actividades departamentais verificando quais os pontos fortes e fracos de cada departamento ou sectores. Por fim, a nível operatório aplicamos todas as intenções estratégicas e tácticas, ou seja, é o nível onde se operacionaliza todos os detalhes necessários.

Tendo em atenção aos três níveis de gestão estratégica e às dimensões organizacionais da competência podemos ver de imediato que estas se interligam. A nível estratégico deve ter preocupações com as competências essenciais, deve ser a nível estratégico que devemos planear quais as competências existentes dentro da organização, visíveis no meio externo, que levam a que a mesma se distinga da concorrência perante o atento olhar do cliente.A nível táctico devemos ter a preocupação de coordenar as competências funcionais, ou seja, as competências características de cada um dos departamentos ou áreas existentes na organização que permitem distinguir cada um dos departamentos e no seu somatório corresponderem à visão estratégica da empresa. A nível operacional devemos focar atenções nas competências individuais de cada um, ou seja quais as melhores conhecimentos, habilidades e atitudes que cada um possui e em que departamento se enquadra melhor e se essas mesmas características se enquadram nas competências essenciais.

Devemos sempre procurar ter a melhor estratégia, com os melhores departamentos e com os melhores colaboradores detentores das melhores competências Mas somente estes factores sem que se aplique uma gestão estratégica não irão maximizar todas as potencialidades levando por vezes ao insucesso. Por exemplo, num jogo de Padres, muitas das vezes se no lugar de um peão tivéssemos um bispo ou um cavalo certamente que teríamos um resultado mais vantajoso no decorrer do jogo, isto deve-se ao factos destas três peças possuírem “competências” diferentes, logo se não as posicionarmos bem o resultado pode ser outro. Desta forma, devemos sempre ter uma visão estratégica de todas as nossas acções.